1836-1841: “Plano dos Lyceus Nacionais” e instalação do Liceu Nacional de Évora
O decreto publicado em 1836, de 17 de Novembro, aprovou e instituiu o Plano dos Lyceus Nacionais, reforma que não entrou de imediato em funcionamento por diversos fatores.
Devido a estes fatores, o Liceo Nacional [da] Cidade de Évora entra em funcionamento apenas em 1841, que viria a ser elevado a Liceu Central em 1898.
1860 Autorização do uso de o traje académico
Foi, a 27 de Outubro de 1860, autorizado por parte de D. Pedro V o uso do traje académico aos estudantes do Liceu Nacional de Évora (na sequência de pedido por parte dos alunos deste liceu) – decisão que seria afixada em edital a 5 de Novembro do mesmo ano, informando os alunos desta autorização e requisito a utilizar este “vestido talar academico”, “em todos os actos escholares”.
1861: Hino Académico
Em 1861 João de Deus oferece aos estudantes de Évora um huno, cuja música tinha sido composta por Joaquim Sebastião Limpo Esquível – tendo sido oferecido pouco depois outro hino por parte do então professor de Latim do liceu de Évora, Manuel Martiniano Marrecas.
Ambos os hinos tinham o título Hymno dos Estudantes do Lyceu D’Evora. De forma desconhecida, acabou por ser escolhida a letra de autoria de Manuel Martiniano Marrecas.
Da sua inicial designação, terá passado, por longo período, a ser conhecido como Hymno Academico Eborense, tendo chegado aos dias de hoje, simplesmente, como Hino Académico.
O Hino Académico, outrora tocado (e, durante algumas décadas, cantado) pelos alunos do Liceu, continua a sê-lo pela Tuna Académica do Liceu de Évora, que não o deixa esquecer – sendo um dos seus símbolos, a TAE toca-o geralmente sem excepção, fechando as atuações, sendo tocado – e ouvido – de pé, com todo o respeito que é devido a um Hino.
1890-1900: Criação da Associação Filantrópica Académica Eborense e Associação da Tuna Académica Eborense
Em 1890 é criada, por estudantes do Liceu Nacional de Évora, a Associação Filantrópica Académica Eborense, cujo primeiro e grande objectivo era o de, através do recebimento de Donativos, ajudar os estudantes com mais dificuldades, a pagar propinas e comprar livros.
Desta Associação Filantrópica nasce a associação da Tuna Académica fundada por Artur Matias e Júlio Santos.
No 1º de Dezembro de 1900, com sede provisória na rua D’Aviz, aparece pela primeira vez em público a Tuna Académica Eborense.
Já em 10 de fevereiro de 1901, já com sede na rua das Casas Pintadas, realizou-se a primeira reunião com sócios onde foi eleita uma direção composta por cinco membro, com o distincto aluno do 6º ano sr. Monteiro como presidente.
Após esta eleição, decidiu a Tuna agregar-se à Associação Philantropica, tendo esta associação, a Tuna e o jornal A Academia tendo partilhado a sede acima referida – sendo a beneficio da Associação Philantropica Academica Eborense todas as actuações da Tuna Académica, provavelmente, por obra de um impulso e desejo solidário de um grupo de tunos, que considerou que a música, diversão e solidariedade formavam um conjunto perfeito.
Estas relações, instituídas na base de um compromisso e rotina, com pouca organização, funcionaram até 1910 – ano em que a Associação Philantropica acaba por ser extinta- tendo a Tuna Académica Eborense continuado o seu percurso tal como começara: com uma ligação umbilical ao Liceu (muito mais tarde, à Escola Secundária André de Gouveia) mas com uma autonomia, sentido de grupo e determinação que a tornariam centenária.
1901: Oferta do Estandarte
Em 1901 D. Sophia Coutinho e D. Ignacia Barahona ofereceram à Tuna Académica Eborense aquilo que viria a ser o seu primeiro estandarte, na verdade o que ofereceram foi a Lira de prata e quiseram bordar o estandarte, cuja seda tinha sido oferecida por uma Firma da Cidade (Azevedo e Martins).
Em 1951 o estandarte terá sido substituído, de acordo uma fita colocada no próprio, e o original terá sido guardado em arquivo.
O Tunante e Maestro Dr. Adelino Soares, diz recordar-se de um Estandarte com um corvo com origem na Associação Académica. Refere também que quando entrou para a Tuna em, aproximadamente, 1949 foi estreado um novo Estandarte muito idêntico ao que ainda é usado nos dias de hoje. ” Era verde e branco com dois panos. Tinha ao centro o Templo de Diana… Nele estavam inscritos os adizeres : TUNA ACADÉMICA- LICEU NACIONAL DE ÉVORA.”.
O estandarte actual é uma cópia fiel do anterior. Foi feito pela madrinha Drª. Estela Rato em 1993.
1901-1910: Primeiros Anos da Tuna Académica Eborense
Nos anos seguintes a Tuna Académica Eborense foi-se tornando bastante activa, tanto na cidade como fora dela, tendo efetuado diversas atuações – como por exemplo, uma digressão a Elvas, Badajoz e Estremoz em 1902, Moura, Beja, Mérida e Badajoz em 1902, entre outros.
No decorrer destes anos, a Tuna manteve-se sempre fiel ao 1º de dezembro, com a academia cumprindo as tradicionais festividades.
Embora nos anos que se seguiram os ventos republicanos soprassem, a Tuna, caracterizada por tantas gerações como um espaço de liberdade, não teve qualquer conflito (embora estes tenham existido a nível da academia).
1910: Implantação da República
Por decreto do governo Provisório da Republica o 1º de Dezembro de 1910 é dedicado ao culto da Bandeira Nacional.
A Câmara Municipal convidou todos os cidadãos a comparecer no Rossio para saudar este símbolo Nacional estando a Tuna Académica Eborense presente nestas festividades.
A academia eborense emitiu um comunicado declarando que, por incompatibilidade de horas, não se realizaria a sua festa no 1º de dezembro, tendo a festa académica sido realizada a 11 de Dezembro nesse ano.
1920: Associação Académica do Liceu André de Gouveia
Nos anos vindouros continuaram-se a enraizar as tradições da comemoração do 1º de Dezembro.
Acontecimentos marcantes no quotidiano liceal, como a formação da Associação Académica do Liceu André de Gouveia, em 1920, coexistem com a comemoração do 1º de dezembro, que os jornais já apelidavam de festa tradicional da Tuna Académica do Liceu.
1930: Criação da Organização Nacional Mocidade Portuguesa e relação com a Tuna
Foi nos anos 30 que surgiu a Organização Nacional Mocidade Portuguesa, uma organização juvenil do Estado Novo, repercutindo-se em toda a estrutura cívica e educacional do país.
O 1º de dezembro foi também escolhido pela Mocidade Portuguesa como o seu dia, verificando-se a realização de cerimónias paralelas em locais diferentes.
Apesar de um ou outro incidente (sugestões/imposições prontamente recusados por elementos da Tuna para se apresentarem com a farda da Mocidade Portuguesa), a verdade é que os testemunhos orais e escritos apontam para a inexistência de qualquer relação oficial entre a Tuna e a Mocidade Portuguesa, ao longo de quase quatro décadas.
1940-1950: Extinção da Academia e Rejuvenescimento da Tradição
Em 1941 é comemorado o I Centenário do Liceu de Évora.
Entretanto, com a década de 40 marcada historicamente pela II Grande Guerra e o poder acentuado do Estado Novo, No Liceu de Évora é extinta academia e as respectivas secções, com o seu espólio sendo propriedade dos centros da Mocidade Portuguesa.
Ainda assim, mesmo com um cenário alterada, os tradicionais eventos do 1º de Dezembro mantém-se em Évora.
O Estado Novo, pretendendo valorizar as actividades e festejos da Mocidade, não vê com bons olhos a Tradição e a Tuna vai “perdendo terreno”, sustentada por três, quatro tunos dos mais velhos (Machado, Jorge Leão, Aníbal Queiroga…).
Em 1957 o reitor António B. Gromicho, pediu ao tunante Adelino Santos para reorganizar a Tuna, que na altura teria pouco mais que cinco ou seis tunos (Adelino Santos, Entrudo, Manuel Crrageta, Artur Cutileiro, Joaquim Moniz, Armando Raimundo) – Citando o próprio Dr. Adelino Santos “…Mandou-me para a fogueira e refazer a moribunda Tuna para que não morresse”.
Este momento de Crise fez ressurgir uma Tuna com a sua tradição reinventada – surgindo assim a primeira tuna mista em Portugal.
1960-1970: Resistência da Tuna contra a Mocidade Portuguesa
Nos dois primeiros anos da década de 60 quase não existem informações oficiais, verifica-se um programa visivelmente mais pobre que em décadas anteriores – estamos perante uma Tuna constituída por uma “rapaziada ” mais difícil de “comandar” e um reitor menos “motivado” para a tradição académica.
Segundo as palavras do ex-tunante Joaquim Moniz, o reitor “sugeriu” que a Tuna tocasse com a farda da Mocidade Portuguesa. O então presidente levou o estandarte para sua casa, reuniu a Tuna e dali partiram para a alvorada – tendo este incidente levado os tunantes a serem expulsos durante seis a sete dias.
Uma relação pouco “cordial” entre o reitor, levou alguns tunantes a retirar, durante a noite ,o estandarte e outros objectos da sala da Tuna, guardando-o na cave do tunante Jacinto Morte, ficando este espaço um local de reuniões, ensaios…uma provisória sala da tuna.
Num 1º de dezembro (1960/1961) a Tuna saiu deste espaço para fazer a sua alvorada, sem içar a bandeira no Liceu. No entanto, com o apoio de vaias pessoas (alunos, pais, professores) a Tuna voltou a “casa”.
Anos 70: O pós 25 de abril
No que toca à Tuna Académica do Liceu de Évora, se o ambiente não era favorável à realização de uma récita, a alvorada (em 1974) aconteceu, fruto da iniciativa de alguns tunantes.
Sem direção eleita, tendo à frente alguns membros mais activos, um pouco de forma espontânea os ensaios para o 1º de dezembro de 1975 continuaram.
Uma das transformações ocorridas após o 25 de abril foi a substituição do nome Liceu para Escola Secundária a 17 de abril de 1978. A Escola Secundária André de Gouveia (ESAG) ainda instalada no edifício do Colégio do Espirito Santo, levou a efeito o cumprimento dos tradicionais festejos do 1º de dezembro.
Já no novo edifício, no ano lectivo de 1979/1980 os festejos do 1º de dezembro são levados a cabo num esforço conjunto entre a Tuna e a comissão de finalistas onde a ceia, alvorada e a récita continuam a ser os momentos altos.
Anos 80
A partir de 14 de abril de 1982, inicia-se uma importante prática : escrita de atas circunstanciadas, com registo de todas as actividades referentes a TAE (até mesmo as menos “louváveis”) hábito esse passado para as gerações vindouras.
Neste principio da década de 80, a tuna cresceu em número de elementos. número de digressões e número de ensaios. Se em 1982 tinha à volta de 30 elementos em 1984 já eram mais de 80 e em 1985 ascendia aos 102. A direção da Tuna, em dezembro de 1982, criou alguma autonomia em relação à Associação de Estudantes e chamou para si a organização dos festejos para redirecionar o lucro para a própria tuna.
Assim, foram-se perdendo no tempo atos comemorativos de 50/70 anos atrás (bodo e sessão solene), ganhando revelo outros como uma ceia conjunta, um baile de gala e o serão académico na noite de 30 de novembro. Encontramos ainda a alvorada nos primeiros anos 80 nos dois edifícios : às 6 horas na ESAG, às 9 horas na Universidade, fixando-se definitivamente na ESAG em 1982.
Se antes a presença da Tuna era visível, essencialmente no 1º período de aulas, nesta década, os convites para actuações foram muitos, tornando a sua actividade mais regular ao longo do ano lectivo.
Anos 90: Associação Tuna Académica do Liceu de Évora
Em 1991, a direção da TAE, com a colaboração do Conselho Diretivo da ESAG (e muitas outras vontades), pôs em marcha um processo de constituição da Associação denominada Tuna Académica do Liceu de Évora, com a respectiva elaboração dos estatutos, seguidos das assinaturas oficializadas por ato notarial.
Tal como a 18 de outubro de 1941, também a 18 de outubro de 1991 a Escola Secundária André de Gouveia, com a colaboração de uma comissão formada para o efeito, projectou o programa comemorativo dos seus 150 anos.
O jantar comemorativo dos 150 anos também inspirou este grupo e, durante alguns anos, fez parte do programa dos festejos um jantar de antigos e actuais tunos, num hotel da cidade.
Dois grandes acontecimentos marcaram os anos 90:
- A criação da Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico e a escolha da Tuna do Liceu de Évora como madrinha: De acordo com o testemunho do Eng. Manuel Correia, antigo tunante e um dos fundadores da TUIST, a inspiração nasceu em Évora.
- O FITALE de 1995 (Festival Internacional de Tunas da Tuna Académica do Liceu de Évora) que para além de ter movimentado toda a cidade de Évora, levou o nome desta aos quatro cantos da Península Ibérica, e, atravessando o Atlântico até à América Central.
2000 à Atualidade
Chegados à data de 2002, comemorou-se o centenário da Tuna Académica do Liceu de Évora, sabendo agora que lhe devemos acrescentar mais dois anos. Empenhados numa brilhante comemoração de aniversário foram reunidos esforços para a promoção de uma festa com um variado programa de múltiplos eventos, entre eles um II Festival de Tunas.
Pelo seu porte, brio e perseverança, por ser um símbolo vivo de Évora e, pela convergência internacional que a Tuna Académica do Liceu de Évora Representa, foi-lhe atribuída, pela Câmara Municipal de Évora, em 29 de Junho de 2002 a Medalha de Mérito Municipal – classe prata.
De 2002 até aos dias de hoje a Tuna Académica do Liceu de Évora tem mantido a chama da tradição. Para além das mais variadas representações. tem continuado a comemorar o 1º de Dezembro com os eventos que actualmente persistem:
- Serão musical nas escadinhas da Sé na noite de 30 de novembro
- Ceia
- Alvorada na manhã de 1 de Dezembro
- Récita de gala
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Tuna Académica do Liceu de Évora
Praça Angra do Heroísmo
7000-132
Évora
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